quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Bon Odori

A origem do Bon-odori foi uma oração chamada nenbutsu-odori com o objetivo de oferecer culto aos inúmeros espíritos que visitam o mundo dos vivos e agradecer a boa colheita, trabalho e a felicidade, aos poucos foi se tornando a dança que conhecemos hoje.
Diz uma lenda que surgiu através de um conselho que Buda deu a um de seus discípulos que queria rever sua mãe já falecida; fazer uma festa com músicas e orações- Obon- na qual ocorreria o encontro dos dois mundos.
A dança consiste em dar voltas ao redor do yagurá (casinha de madeira) – o único desmontável - onde ficam os "Bumbaos", sendo a percussão o único som. Um círculo de japoneses, vestidos a caráter, realiza movimentos delicados e simples com cinco gestos básicos: colher, ceifar, semear, agradecer e festejar. Tendo como instrumentos o kotaiko (tambor pequeno), taiko (médio), odaiko (tambor grande), fue (flautas) e inicialmente o sino. O primeiro grupo do Brasil foi o de Atibaia, fundado há aproximadamente 50 anos pelos primeiros imigrantes de Fukushima que inicialmente se reuniam para dançar e tocar – Mitsuke Kurosawa (atual presidente da Fukusuima), Kaneo Asakura, Takeshi Kato (cantor), Mamoro Kobayashi, Yoko Kobayashi (esposa de Mamoro adaptou as coreografias), Toyosaburo Hishinuma - já está em sua 6º geração. Em 1963 chegaram , os taikos (tambores japoneses), doados pela prefeitura de Fukushima-ken . Em 1968, a colônia recebeu o conjunto de "Bombao" para ser usado nas festividades aí começou a dança, coreografia originalmente do Japão adaptada por Yoko Kobayashi entre os associados, tendo a primeira apresentação pública no aniversário de Atibaia em 1955.
Apresentação do Bon-Odori de Atibaia em Campos do JordãoOlga Matsui (62 anos), foi a primeira cantora. Deu a idéia de trazer e ensinar jovens. Encontrou resistência, pois eles queriam perpetuar a tradição de idosos, mas cederam em parte à participação de filhos dos associados. Por volta do ano 2000 os primeiros brasileiros entraram no grupo. Matsui-san é a intermediária do Sei nen bu (grupo de jovens), contribui para a comunicação deles com os mais antigos que em sua maioria não falam muito bem o português. Atualmente jovens de 11 a 28 anos, brasileiros e descendentes participam juntamente com os oji-sans (idosos de hapi vermelho).
As músicas falam basicamente do trabalho árduo dos mineradores, navegantes e pescadores expressos nos movimentos da coreografia:

Soma bom utá – fala sobre a safra de arroz em poemas curtos que começam e terminam da mesma forma, porém pode haver acréscimos da parte do cantor. Movimentos- corta o arroz, joga-o para secar, agradece ao sol e lua e bate palma em sinal de alegria. Obs. Palmas em todas as coreografias.
Tankubushi – fala sobre os mineradores. Movimentos- cava, carrega o carvão nas costas, olha a lua, empurra o carrinho de volta para casa e agradece o dia.
Atibaia hondo – hino da cidade em japonês, exalta a beleza e pontos turísticos da cidade. Movimentos- Contempla o Sol, felicidade, caminha pelas flores, mostra a Pedra Grande e o Zanoni, mostra os homens fortes e moças bonitas, o desenvolvimento com o passar do tempo e a felicidade do povo. Composto por Olga Matsui inspirado no Tókio Hondo no estilo de música regional – Minyo- com o objetivo de mostrar às pessoas de outras cidades as maravilhas da cidade.
Soran bushi – fala sobre a pescaria, porém não é de Fukushima. Existe a versão para o Bon Odori e Awa Odori *. O Bon Odori inicia ao jogar a rede, agradecer pela pesca, rema o barco, joga a rede, vai recolher, pega os peixes e leva nas costas, agradece e volta para a casa feliz(levanta o pé para não desanimar, limpa o suor e bate palma). Como Awa Odori representa as grandes embarcações, então, puxa os dois lados, traz os tecidos para erguer a vela e as ergue para quem estiver lá em cima.

Para se começar não precisa ter idade definida, desde que alcance o kotaiko e tenha vontade de aprender e que ainda tenha pique para dançar ou cantar, no caso dos mais idosos. Segundo Missão-san, um dos cantores, o que leva os jovens a participar é primeiramente o convite de amigos e o interesse pela cultura japonesa. O Bon Odori já faz parte da história de Atibaia, tanto que é atração na Festa do Pátio do Mercado, Festa das Flores e Morangos e ainda em outras cidades apreciadoras.

Um comentário:

Paty disse...

Bel também é cultura!
Interessante
Bjuux