domingo, 29 de junho de 2014

Seja a mudança

Quente ou frio, nosso planetinha sempre apronta das suas. Nesse instante, temos uma Copa do Mundo com torcidas de vários países festejando e confraternizando. Ao mesmo tempo, bombas e fuzilamentos matam gente (crianças incluídas) no Iraque, Nigéria e adjacências. Então ao ouvirmos as palavras paz e solidariedade esboçamos um risinho sacana traduzindo nossa incredulidade. Como dizia a geração mais antiga: "Paz e solidariedade onde, cara pálida?"

Desequilíbrio de oportunidades e injustiça social seriam variáveis (que quase nunca variam) que melhor definiriam o mundo em que nascemos, crescemos e uma hora morreremos. Roteiro que se repete em temporadas eternas. O genial Nelson Rodrigues (1912-1980), na crônica Ai de Nós, cunhou a bem-humorada (e amarga) frase: "O ser humano é capaz de tudo, até de uma boa ação."

Dura realidade que leva milhares de vestibulandos a declarar nas redações que o mundo está todo errado. Dá para entender a revolta. Mas toda vez que absolutizamos, saímos do prumo da boa visão. O mundo não está todo errado, pois muitas coisas nele estão certíssimas! Por exemplo, a indignação dos jovens em geral e de alguns velhos em particular.

O mundo somos nós. Ele é feito por mim, por você. Costurado pelo vendedor de armas e pela vendedora de flores. Nele, habitam oportunistas e honestos, covardes e corajosos, generosos e indiferentes. Também é verdade que essas categorias são líquidas. Corajosos podem se acovardar de vez em quando. Oportunistas podem ter um gesto de decência. O generoso pode se amesquinhar. E assim vamos.

Alguém pode objetar: "Alto lá! Indivíduos não têm poder de mudar o mundo. O poder propriamente exercido está nas mãos de governos e das grande empresas." Mas, pensem comigo, governos e empresas são feitos por pessoas. Elas são de carne, osso, código genético, histórias e data de validade. Quero dizer, bendição e tragédia não surgem do vácuo. Nem vicejariam em um planeta desabitado.

Se desejamos transformar o mundo consertando muitos de seus erros, é boa ideia começarmos (ou continuarmos) por nós. Jogar toda a culpa no gênero humano em abstrato é 100% de bobagem. O outro do bem e o outro do mal convivem e se contradizem dentro da gente. A mudança somos nós.


(Peguei do Yahoo)