quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Psicodermatologia

A Psicodermatologia vem a ser um ramo, que se dedica ao estudo e tratamento de problemas dermatológicos que são causados e/ou influenciados por fatores psicológicos.

Não se pode deixar de abordar questões no âmbito médico, tanto quanto no âmbito psicológico, ou seja, as ligações que existem com o sistema nervoso tornam a pele um órgão altamente sensível às emoções, quer consciente, quer inconscientemente falando, Ah! Eu estou com os nervos à flor da pele!

É do conhecimento geral de que, tanto o nosso cérebro como a nossa pele possuem a mesma origem ectodérmico-embrionária, o que vem acentuar a importância da correlação mente/corpo.

A pele passa a ser o depositário de nossos sentimentos, de nossos desejos, de nossas frustrações, de nossas fantasias e de nossa agressividade, etc..., isto é, nos expressamos através não só da fala oral, como também através de expressões corporais dérmicas.

A palavra pele vem do latim pelle, vem a ser uma membrana que cobre o corpo do homem e de muitos animais, e compreende a derme e a epiderme, é o maior órgão de percepção no momento do nascimento, tornando-se o meio para o contato físico assim como para a transmissão de sensações físicas e emocionais.

Seria mesmo como um invólucro, como o fruto possui a casca.

Por exemplo, o rubor (enrubescimento da face) é encontrado habitualmente em pessoas que temem mostrar seus sentimentos, e assim os exprimem involuntariamente. Exemplo é a eritrofobia, como sendo um pavor ao enrubescimento, por vergonha, timidez, pudor sexual, agressão reprimida, etc, contra a própria vontade, como também a sudorese pode ser vista como uma expressão de um estado de ansiedade crônica.

Num sentido figurado, a pele pode ser entendida como algo a ser defraudado numa grotesca ilusão.

Na Índia, há cerca de cinco mil anos, a Psicologia já era uma prática comum dentro da Medicina.

Segundo AZAMBUJA, D.R. o corpo humano, nos dias de hoje, está sendo observado e tratado através de uma visão mais relacionista, e menos reducionista.

Assim as alterações cutâneas podem estar associadas a distúrbios psíquicos como causa ou como efeito.

Para A.MONTAGU (1988) a pele é o espelho do funcionamento do organismo, com cor, textura, umidade, secura, etc. E assim, cada um de seus demais aspectos, reflete o nosso estado de ser, o nosso psicológico, o nosso fisiológico.

Para GROSSBART (num texto de GOLEMAN e GURIN) a nossa pele pode ser comparada a uma roupa que jamais tiramos, mas como tudo que vestimos, muda conforme o humor nosso de cada dia e a ocasião.

Podemos ter que a pele exerce um fator de proteção, de abrigo, e é exatamente aqui que podemos ressaltar os vínculos entre distúrbios emocionais e as doenças da pele.

A pele também atua como um limite dentro-fora, eu-outro, eu-o mundo, e assim é uma fachada que nos protege e ao mesmo tempo nos expõe.

ANZIEU (1989) afirmou que a pele é o envelope do corpo, assim como este envelopa o psíquico.

Podemos até ousar dizer que a pele nada mais é do que um termômetro de nosso eu, de nossas emoções, de nossas temeridades, de nossos desejos, etc...

Antigamente já se falava de uma neurodermite, querendo frisar aspectos de uma origem nervosa para certos eczemas (do grego ékzema), que se trata de uma doença da pele onde vesículas, exsudação e escamas se fazem notar.

As desordens psicodermatológicas podem ser descritas através de uma divisão:

1) Desordens psicofisiológicas (eczemas, acnes, psoríase, dermatites seborréicas, urticárias, etc.)

2) Desordens psiquiátricas primárias (tricotilomania, escoriações neuróticas, etc.)

3) Desordens psiquiátricas secundárias (vitiligo, etc.)

Os estados de estresses, depressão, medos, fobias, ansiedade e outros, podem com certeza, configurar e fazer desencadear rupturas psíquicas e rupturas dermatológicas em pessoas suscetíveis, num momento de maior fragilidade emocional.

Portanto, se você apresenta algumas características dermatológicas singulares, busque ajuda através de um suporte médico e psicológico, que certamente poderão lhe oferecer um apoio clínico para o enfrentamento e conseqüente melhora de tal desconforto.

A Psicanálise deixou de ser uma ciência auxiliar da psicopatologia e se converteu no ponto de partida de uma psicologia mais profunda, indispensável também para a compreensão do considerado normal (S.Freud, 1900)

Fonte: www.portaldalucas.com.br

(Artigo da minha querida colunista Dra. Suely Bischoff que enriquece o Portal da Lucas com seu conhecimento)

Um comentário:

Anônimo disse...

E da-lhe Freud mais uma vez!
Meu médico disse pra mim algo bem semelhante, que eu tenho alergia psicológica também, ou melhor, uma dermatite que se agrava dependendo das emoções.

+FAV.