quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Bon Odori

Bon-Odori

A origem do Bon-odori foi uma oração chamada nenbutsu-odori com o objetivo de oferecer culto aos inúmeros espíritos que visitam o mundo dos vivos e agradecer a boa colheita, trabalho e a felicidade, aos poucos foi se tornando a dança que conhecemos hoje.
Diz uma lenda que surgiu através de um conselho que Buda deu a um de seus discípulos que queria rever sua mãe já falecida; fazer uma festa com músicas e orações- Obon- na qual ocorreria o encontro dos dois mundos.
A dança consiste em dar voltas ao redor do yagurá (casinha de madeira) – o único desmontável - onde ficam os "Bumbaos", sendo a percussão o único som. Um círculo de japoneses, vestidos a caráter, realiza movimentos delicados e simples com cinco gestos básicos: colher, ceifar, semear, agradecer e festejar. Tendo como instrumentos o kotaiko (tambor pequeno), taiko (médio), odaiko (tambor grande), fue (flautas) e inicialmente o sino. O primeiro grupo do Brasil foi o de Atibaia, fundado há aproximadamente 50 anos pelos primeiros imigrantes de Fukushima que inicialmente se reuniam para dançar e tocar – Mitsuke Kurosawa (atual presidente da Fukusuima), Kaneo Asakura, Takeshi Kato (cantor), Mamoro Kobayashi, Yoko Kobayashi (esposa de Mamoro adaptou as coreografias), Toyosaburo Hishinuma - já está em sua 6º geração. Em 1963 chegaram , os taikos (tambores japoneses), doados pela prefeitura de Fukushima-ken . Em 1968, a colônia recebeu o conjunto de "Bombao" para ser usado nas festividades aí começou a dança, coreografia originalmente do Japão adaptada por Yoko Kobayashi entre os associados, tendo a primeira apresentação pública no aniversário de Atibaia em 1955.
Olga Matsui (62 anos), foi a primeira cantora. Deu a idéia de trazer e ensinar jovens. Encontrou resistência, pois eles queriam perpetuar a tradição de idosos, mas cederam em parte à participação de filhos dos associados. Por volta do ano 2000 os primeiros brasileiros entraram no grupo. Matsui-san é a intermediária do Sei nen bu (grupo de jovens), contribui para a comunicação deles com os mais antigos que em sua maioria não falam muito bem o português. Atualmente jovens de 11 a 28 anos, brasileiros e descendentes participam juntamente com os oji-sans (idosos de hapi vermelho).
As músicas falam basicamente do trabalho árduo dos mineradores, navegantes e pescadores expressos nos movimentos da coreografia:


Soma bom utá – fala sobre a safra de arroz em poemas curtos que começam e terminam da mesma forma, porém pode haver acréscimos da parte do cantor.
Tankubushi – fala sobre os mineradores.
Atibaia hondo – hino da cidade em japonês, exalta a beleza e pontos turísticos da cidade.
Soran bushi – fala sobre a pescaria, porém não é de Fukushima.


Para se começar não precisa ter idade definida, desde que alcance o kotaiko e tenha vontade de aprender e que ainda tenha pique para dançar ou cantar, no caso dos mais idosos. Segundo Missão-san, um dos cantores, o que leva os jovens a participar é primeiramente o convite de amigos e o interesse pela cultura japonesa. O Bon Odori já faz parte da história de Atibaia, tanto que é atração na Festa do Pátio do Mercado, Festa das Flores e Morangos e ainda em outras cidades apreciadoras.

((Aproveitando o clima de primeiros ensaios no grupo de Bon Odori fiz um post especial falando um pouco mais sobre essa dança japonesa tão presente na cidade de Atibaia. Eu escrevi esse texto para meu trabalho de cultura japonesa com ajuda da Bia que foi meu anjo da guarda, me ajudou no que pôde com esse trabalho))

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